sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Da série "Coisas engraçadas que acontecem numa sala de aula"

Episódio 3

João Vitor, um garoto de 7 anos, chora quietinho em sua mesa. Um choro mansinho, sofrido.
A professora, preocupada, pergunta:
- João, o que aconteceu? Você se sente bem? Nem terminou a lição!
- É que estou assustado, prô... – ele responde, com a voz baixa.
- Assustado? Com o quê? Alguém brigou com você ou disse alguma coisa?
Soluçando, o menininho conta seu problema:
- É que engoli um pedacinho do chiclete... e a Monize disse que meu estômago vai colar e eu vou morrer....
- Ah, então é isso? – diz a prô, segurando o riso. – Mas, foi só um pedacinho?
- Sim, um pedacinho pequeno.
- Ah, então não tem problema! Esse pedacinho não vai te fazer mal. Vai embora no seu cocô!
João solta uma risada. Há algo milagroso na palavra cocô, que faz qualquer criança rir.
Ele volta pro seu lugar, pra terminar a lição, depois do maior susto da sua vida.

CEFAM

Comecei um curso, na última quarta-feira, sobre alfabetização: o tal do “Letra e Vida”. Sempre achei a alfabetização e o processo de aprender muito interessantes! Mas, mais interessante ainda, é estudar novamente naquele prédio da Rua das Figueiras...
Impossível entrar e não sentir uma onda de sensações e lembranças dos bons tempos que passei ali, como aluna de magistério do CEFAM de Santo André.
Depois que a escola passou a ser usada como Diretoria de Ensino, o prédio passou por uma série de reformas. Aquele pátio, onde almoçávamos, dançávamos, jogávamos ping-pong, cantávamos o Hino Nacional e outras cositas não existe mais. Paredes surgiram ali, e os pequenos espaços viraram frias salas de repartição pública. No lugar da quadra, há um estacionamento. O marmiteiro virou depósito; a biblioteca, um refeitório.
Na parte de cima quase nada foi mudado.
Nas escadas que levam às salas de aula, me vi de uniforme, cumprimentando a tia Márcia e subindo para mais uma aula de Didática ou Filosofia. Vi meus amigos nos corredores, conversando e brincando, naquela algazarra de eternas crianças, esperando os professores.
Pra completar minha nostalgia, o curso é realizado na sala 6, a sala do 4ºB. Sentei-me mais ou menos no mesmo lugar onde sentava todos os dias. Tudo era muito familiar: as lousas, a bancada, os barulhos, o som do piso de madeira. Até o hábito de afastar a mesa pra fugir do sol, que ficava mais forte conforme as horas passavam.
Apesar do coração apertadinho de saudade e das lágrimas inconvenientes que teimavam em cair, me senti muito feliz. Feliz por saber que aproveitei, e muito, todos aqueles espaços. Que, naquele prédio, onde agora sou recebida como uma professora, vivi a melhor fase da minha vida. Lá cresci como aluna, como educadora, como pessoa.
Coincidência ou não, um email despertou uma vontade nas pessoas que fizeram parte dessa história. Quatro anos depois, vamos nos reencontrar, conversar, comer e rir muito. Rir das mesmas histórias, das mesmas situações, das mesmas piadas, das mesmas figuras. Acalmar um pouco a saudade!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Fico cheio de tremeliques

Se você demora suas mãos nas minhas,
fico cheio de tremeliques.
Se o telefone toca durante a noite,
fico cheio de tremeliques.
Se o telefone não toca durante a noite,
fico cheio de tremeliques.
Se você esquece o seu olhar no meu,
fico cheio de tremeliques.
Se a sua risada explode clara,
fico cheio de tremeliques.
Se fica escuro na sua tristeza,
fico cheio de tremeliques.
Se você se afasta de mim,
fico cheio de tremeliques.
Se eu me afasto de você,
fico cheio de tremeliques.
E quando você me abraça,
fico cheio de tremeliques.


Estou morrendo de tremeliques!


(Sérgio Capparelli . Extraído do livro 111 Poemas Para Crianças.)

Dia dos Professores

Se existe alguém capaz de mudar completamente a vida de outras pessoas, esse alguém é o professor.
Tive a sorte de ter, em muitos momentos da vida, professores excelentes. Daqueles marcantes, que têm marcas registradas, bordões e frases inesquecíveis, conhecimentos invejáveis. Exigentes, divertidos, sérios, bravos, carinhosos. Cada um deixou um pouquinho de si, em mim.
Hoje, sou uma professora também.
E tenho a responsabilidade de encaminhar as vidas de “pessoinhas”, como fizeram comigo. Há quase três anos, tenho a função de ensinar a ler e a escrever, habilidades imprescindíveis, importantissimas pra todas as pessoas. Fácil? Nunca é. Gratificante, sim. Excitante. Desafiador. Porque, como eu disse, se existe alguém capaz de mudar completamente a vida de outras pessoas, esse alguém é o professor. Mudar mesmo. E pra melhor ou pra pior.

PARABÉNS, PROFESSORES!
(Atrasado, mas de coração...)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Da série "Coisas engraçadas que acontecem numa sala de aula."

Episódio 2

Comemoração do Dia das Crianças na escola.
Professora Gabriela, pacientemente, entrega um saquinho de doces a cada um de seus alunos.
João Elias levanta a mão e pergunta:
“Prô, foi o Papai Noel que trouxe?”

domingo, 12 de outubro de 2008

Dia das Crianças

Hoje minha irmã comprou novas roupinhas para as Barbies. Chegou com um brilho lindo nos olhos, como se trouxesse o mais lindo dos presentes. Pegou as bonecas, deu um banho nelas, secou, penteou. A cada acessório colocado, delirava!
Depois, colocou-as cuidadosamente sobre a cômoda. “São minhas, ninguém mexe!”
E foi embora. Deixou o lado criança e voltou aos seus 19 anos.

Achei tão bonito! (Tô meio sentimental, é verdade... hehe) Mas, acho que deveríamos sempre oscilar entre infância e maturidade. Na infância tudo é bem mais intenso, tudo é novidade, tudo é bem aproveitado. Claro, sem esquecer das responsabilidades da vida adulta.

Feliz Dia das Crianças!
E, pra dar uma de criança e relembrar meu tempo de "Cantinho da Cultura Inútil" no CEFAM, uma frase:
"O sol nasce, a bicicleta anda, o lobo uiva e o urso panda.".... huauhahuauh....

Felicidade

“... Pois quando a gente canta a alegria, a força da canção explode, se irradia. É como a luz do sol sendo a luz da gente. É como a luz da gente sendo a luz do dia.”
(Chicas - Felicidade)

Minha felicidade têm sido alimentada por pequenos mas significativos momentos. O falar, o ouvir, o tocar, o beijar, o abraçar, o estar próximo, o sentir saudade, o sorrir, o ser útil, o ajudar, o acertar, o errar, o chorar também. Sentir, simplesmente. E eu sinto. Sem medo, agora. Sem medo de irradiar a força da canção pra quem quiser.
Pronta pra ser a sua luz do dia.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Da série "Coisas engraçadas que acontecem numa sala de aula."

"- Samuel, vá até a sala de Artes e pergunte à professora sobre o mimeógrafo, por favor?
Samuel concorda, vai até a porta e volta.
- Perguntar o que, mesmo, prô?
As crianças respondem:
- Mini-ógrafo!
- Mimiófago!
- Mickey-ógrafo!
- Midinóprago!
Samuel, convicto, chega à sala de Artes e diz:
- Prô, a professora perguntou sobre o micri... mini.... é... AQUELA COISA QUE RODA A FOLHA!"
Mimeógrafo, pra quem não conhece tal tecnologia, é aquele aparelho à manivela em que se encaixa um carbono e, com álcool, passa-se a escrita para uma nova folha.
Incrível como a Educação é alheia aos novos tempos. Como nada transpassa as grades e os muros de uma escola. Como a realidade é outra dentro da sala de aula.
Incrível como o tempo passa e a velha forma de ensinar permanece.

Seja

Gabriela, seja alguém mais organizada. Seja alguém mais disciplinada. Seja alguém mais despojada. Seja alguém mais dedicada. Seja alguém mais interessada. Seja alguém mais atualizada. Seja alguém mais preparada. Seja alguém mais apaixonada. Seja alguém mais inteligente. Seja alguém mais cuidadosa. Seja alguém mais crítica. Seja alguém mais alegre. Seja alguém mais amiga. Seja alguém mais criativa. Seja alguém mais decidida. Seja alguém mais presente. Seja alguém mais espontânea. Seja alguém mais autêntica...
Blá, blá, blá.
Abstraio tantas cobranças, vindas de mim mesma. Porém algo ecoa:
Seja alguém...
Seja alguém...
Seja.