domingo, 11 de janeiro de 2009

Insônia

Os olhos insistem em permanecer abertos. Os ouvidos captam sons tímidos, mas que parecem tão mais altos do que os barulhos de uma grande avenida em plena luz do dia. Uma gota que cai na pia... a janela que balança ao vento... o ressonar de alguém no quarto ao lado... o tique-taque ensurdecedor que marca os minutos em claro. O escuro da noite parece cegar, de tão claro. E os olhos insistem em permanecer abertos.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Feliz Ano Novo!

Mais um ano se inicia. Cheio das mesmas esperanças, dos mesmos desejos, das mesmas promessas.
Li, numa dessas apresentações de slides, que 2009 não vai ser muito diferente dos anos anteriores, até mesmo dos que virão. Teremos bons e maus momentos, vitórias e derrotas, surpresas e decepções. Porém, basta que parta de nós um novo olhar.
Hoje, depois de comemorar o reveillon na Avenida Paulista, tomei o trem pra voltar pra casa. No mesmo vagão, um policial entrou acompanhando um moça, que me chamou a atenção. Ela tinha algo diferente.... Cabelos bem curtos, óculos escuros, vestida alegremente, carregando uma bolsa preta bem junto ao corpo. Cega.
Sentou-se na poltrona reservada e começou sua viagem. Seguia muito atenta a todos os movimentos do vagão: às portas que se abriam, aos solavancos do trem, aos passageiros, ao som de um celular que, por um momento, pensou ser o seu. Trouxe a bolsa ao ouvido, mas logo sossegou.
O jeito com que ela percebia as sensações, os cheiros, os acontecimentos ao seu redor me encantava. Estou certa de que os detalhes que ela guardava eram mais ricos do que aqueles que eu podia enxergar, com meus olhos sadios. Formou-se uma cena, um olhar, sem que ela precisasse ver...
Na estação seguinte, um homem começou a pedir esmolas. Enquanto o homem passeava no vagão, discursando, a moça abriu a bolsa e começou a procurar uma moeda. Colocou a moeda nas mãos do homem, assim que sentiu a proximidade, com um movimento rápido, seguido do sorriso mais sincero que eu já vi.
O sorriso permaneceu mesmo depois do desembarque. Ela saiu do trem e logo o sorriso chamou um novo policial pra guiá-la até seu destino.
Foi embora e me deixou emocionada. Sem ao menos me conhecer, me mostrou que, para ser feliz, não é preciso muito. Que, para fazer do meu ano um período inesquecível, tenho que trabalhar um dia de cada vez. Fazer valer. Olhar com os olhos do coração.

Feliz ano novo pra todo mundo! =]