quinta-feira, 20 de novembro de 2008


SIM, meu alunos vão se apresentar na festa de encerramento cantando Zélia Duncan, dá licença? rsrsrs

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Memórias

Escrever sobre minha alfabetização. Proposta indecente essa. Indecente pelo fato de me seduzir, de remexer, de me tocar, de sentir as lembranças. De fazer com que, de modo prazeroso, eu use, abuse e junte as letras, como aprendi quando criança.
Num certo dia, meu pai lia algo, deitado no sofá. Eu, no auge dos 3 anos de idade, espevitada e decidida, tinha uma missão: tirar aquele monte de folhas com desenhos pequenos e esquisito das mãos dele. Por várias vezes, acertei o material, porem sem conseguir desviar a atenção do meu pai, que apenas me lançava um olhar de reprovação. Juntei todas as forças e dei um salto certeiro e, com a mão espalmada, rasguei o livro ao meio. Resultado: um tapa, uma bronca e a certeza de que um livro devia ser algo muito, muito importante.
Após o tapa, ganhei um colo aconchegante para ouvir histórias de gibis contadas pelo meu pai, que tentava controlar o remorso.
Gibis, revistas e outros materiais sempre estiveram ao meu alcance. Passava horas, quietinha, observando as ilustrações, folheando, inventando ou ouvindo as histórias que liam para mim. Assim, as letras e os sons foram se tornando familiares. Eles me entendiam e eu passei a entendê-los, a associá-los. Como mágica, passei a ler e a escrever antes do meu quinto ano de vida.
“É o orgulho da família!” “Nossa, essa menina é superdotada!” “Precisa de uma escola especial!” Eu não era nada disso, mas me sentia feliz por não depender mais dos adultos pra descobrir as novas façanhas daquelas letras que teimavam em andar sempre juntas.
Na pré-escola e na primeira série, não tive muitas novidades. Lembro-me da cartilha e das lições que eu sempre terminava antes da classe. Lembro-me da rigidez e do alto tom de voz da professora. Do medo que eu sentia quando ela vinha em minha direção.
Felizmente, na segunda série, uma fada tornou-se minha professora. É muito fácil lembrar-me desse ano, pois foi nele que comecei a participar de atividades significativas e interessantes. A professora me mostrava coisas novas, me desafiava e, o melhor, permitia que eu voasse com ou sem ela. Ela, as histórias, as letras e eu. Grupo perfeito, sem limites nem regras.
Para mim, foi divertido e espontâneo aprender a ler e a escrever. Cresci e me tornei educadora, com a responsabilidade de fazer com que tal prazer surja, naturalmente, nos pequenos estudantes. Consigo? Não sei. Estas são cenas do próximo capítulo.